… realisticamente, o esperado.
Não duvido que haja pescadores que conseguem enganar trutas nestas condições, mas eu certamente não sou um deles.
A faina começou Sábado de madrugada, e à semelhança do ano passado, por volta das 7h da manhã já o rio tinha sido varrido ao pormenor. Chover no molhado é coisa que pouco gosto de fazer, mas não se pode deixar de referir que o período legal de pesca é de sol-a-sol.
De casa, levei preparado o equipamento de french nymphing antevendo condições desfavoráveis à prática da pesca com mosca seca. A verdade é que as condições eram mais agrestes do que o previsto, já que o caudal e o vento tornavam a pesca virtualmente impraticável na maior parte dos troços. Certamente que apenas as trutas mais corajosas haveriam montado trincheiras bem junto ao fundo, resguardadas da batalha que se travava mais acima e das ninfas sem lastro suficiente para as alvejar. Se calhar nem se aperceberam do artista que andava a calcorrear as margens: de costas erguidas, queixo levantado, e vestido a rigor com colete reflector. Sinalizar o acesso ao rio de forma a evitar congestionamentos talvez não fosse má ideia (dada a azáfama), mas o homem parecia querer pescar! Em boa verdade, eu também podia ter levado uma indumentária semelhante… para o trabalho que lá fui fazer…
O dia foi passando, a chuva foi caíndo, e a água foi começando a turvar de tal forma que ao fim da tarde já não havia razões para insistir. De qualquer das formas, a ansiedade tinha sido descarregada, o espírito tinha sarado, e as pernas começavam a acusar os quilómetros que quase nem me tinha apercebido de ter percorrido. Nos planos para o dia seguinte, estava uma mudança estratégica que passaria por visitar o meu spot de eleição.
Hoje pela tarde decidi arrancar e visitar o cantinho da montanha que tantas alegrias me deu na temporada passada, apenas para descobrir que a pesca por ali era impossível. O caudal simplesmente não deixava vadear, o vento não deixava lançar, e a corrente… valia mais nem sequer arriscar a sorte.
“E agora? Será que com uma linha 4WF consigo lançar na barragem?” Só havia uma forma de descobrir. Para os que não sabem, a pesca às trutas em albufeira é uma completa novidade para mim. Algum dia hei-de aprender, mas certamente não com estas condições. Resumindo a história consegui encontrar um lugar abrigado o suficiente para lançar, mas não aguentei a chuva constante e o vento gelado durante muito tempo. Cobri bem o local com um pequeno streamer, e resolvi voltar à base matutando sobre a primeira jornada de pesca do ano.
As espectativas que crio sempre antes da abertura saíram furadas como habitual, mas o subconsciente estava bem preparado para o desfecho. No fim de contas, fica a imagem imaginativa de uma truta sentada no sofá, a ver o dérbi madrileno, e com um sorriso maroto a dizer: “Reality check, meu amigo. Ainda não percebes nada disto.”
Eu sei! Dá-me tempo, que estou a tentar aprender! 🙂
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